sexta-feira, 26 de outubro de 2012

CHAMADO AO ARREPENDIMENTO





“Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” Lucas 5:32.
Vale a pena examinar de forma mais profunda este texto. Nosso Senhor afirma que veio chamar pecadores ao arrependimento. Sendo assim é bom que consideremos o assunto de arrependimento como algo importantíssimo e valioso tanto na pregação como na vida de um homem para sua salvação eterna.
Afinal, o homem precisa de arrependimento? Absolutamente sim! Não é verdade que tomamos o mesmo caminho de Caim, fugindo do lugar da presença salvadora de Deus? Achamos que conquistamos a verdadeira liberdade quando, na realidade descemos rumo à escravidão do pecado, porquanto a natureza carnal e mundana prefere um caminho mais fácil. À semelhança do filho pródigo tomamos o caminho que de forma tão bela foi adornado pelo mundo para atrair a carne, os olhos e a soberba da vida. Tomamos o rumo que, sem que saibamos é o caminho que leva para a perdição inevitável.
Precisa do arrependimento? Inevitavelmente sim! O homem no pecado precisa ser atraído à presença misericordiosa de Deus. O lugar de arrependimento é o lugar onde todo ser humano deve estar. O lugar de arrependimento é um lugar humilhante porque, à luz da verdade contemplamos a nossa própria condição de miserável pecador. Mas é nesse precioso lugar que é o pecador vai estar envolvido da presença amorosa, misericordiosa, graciosa e perdoadora de Deus. O homem começa a ser verdadeiramente homem no lugar de arrependimento. Fora desse lugar o ambiente é de extremo perigo por causa da Ira de Deus.
O lugar de arrependimento é o lugar onde o homem pode ver a realidade da vida. Ali ele verá que no pecado o homem vive na ilusão, vaidade e fantasias promovidas pelo pai da mentira. No lugar de arrependimento o homem verá seu caminho tortuoso pelo qual percorrera e como ofendeu a Deus e Sua santa lei. No lugar de arrependimento o homem verá o quanto seu viver foi banal e ofensivo ao seu próximo. No lugar de arrependimento o homem verá o quanto ele realmente era merecedor e digno, não de justiça, mas sim da punição eterna.
No lugar de arrependimento o homem compreenderá a linguagem da bíblia, verá que esse é o lugar apresentado pelas Escrituras e que o Deus que fala é o Deus de toda misericórdia, Salvador e Senhor. Mais do que isso, no lugar de arrependimento o homem é erguido na força da superabundante Graça para andar como uma nova criatura (2 Coríntios 5:17). Nunca mais ele será o mesmo, e sairá dali para ser bênção no viver, conhecendo o que significa andar na luz dia após dia (1 João 1:7).
Fora do lugar de arrependimento o homem vive a desafiar a Deus como Faraó. (Ex. 9). É procurar se esconder com medo de ser descoberto, como Félix (Atos 24:25). É prosseguir no orgulho inflamado pelo pecado; brincar perto da fornalha eterna: achar enganosamente que tomará sua decisão quando bem quiser. É achar que pode se disfarçar de crente para sentir a comodidade do pecado.
O ministério do Senhor é chamar pecadores ao arrependimento para ali falar ao seu coração, salvar-lhes dos seus pecados, reinar no seu viver e fazê-los aptos para andar no caminho certo que leva ao céu.

A TRISTE CONDIÇÃO DO HOMEM NO PECADO




“Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem do caminho e vede; perguntai pelas veredas antigas; qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos” Jeremias 6:16.

         Que triste situação da nação de Israel nos dias de Jeremias! O povo estava apodrecido no pecado, sem, contudo ver sua condição. A soberba cercou suas mentes e emoções ao ponto de encobrir sua miséria diante de Deus com a enganosidade do pecado. Para eles estava tudo bem espiritualmente. Os profetas de Deus eram tidos como enganadores e cruéis, enquanto os falsos profetas eram recebidos como mensageiros celestiais.
         A situação do homem moderno é a mesma, porquanto o homem não mudou. Encaremos no verso acima citado algumas lições que mostram essa antiga e atual condição do homem escravizado ao pecado.
         Primeiramente o Senhor convida o homem a sondar o que está ocorrendo ao seu derredor: “... Ponde-vos à margem do caminho e vede...”. Por que continuar trilhando o caminho somente porque as multidões o seguem? É para o pecador parar à margem do caminho e começar a perscrutar e investigar seus motivos. Para onde estou indo? Onde está o fim desse caminho? Que destino terei depois dele?
         Em segundo lugar, o homem é chamado a um padrão de sabedoria diferente daquilo que ele sempre pensou ser sabedoria do ponto de vista humano: “... Perguntai pelas veredas antigas...”. O homem no pecado não investiga. Uma sondagem ao passado é muito importante. Importa investigar para saber o que aconteceu com aqueles que tomaram o mesmo caminho. Para onde foram os que dispuseram a viver uma vida sem Deus. Positivamente, é bom investigar qual foi o destino de homens santos que passaram por este mundo. Onde eles estão agora?
         Em terceiro lugar, o homem é convidado a buscar o bom caminho. O caminho santo; o caminho da vida; o caminho da sabedoria e do verdadeiro amor; o caminho do temor ao Senhor; o caminho conhecido pelo Senhor (Salmo 1:6). Chegou-se a este ponto de uma conclusão certa e sábia, por que, então, não tomar uma decisão definitivamente sábia e correta? Não é o Bom Caminho que está buscando? Não é segurança eterna para a alma que o pecador precisa? O problema do homem não está na sua alma? Ao parar e investigar com tanta sabedoria, não percebeu que seu problema está no coração e não no corpo?
         A triste condição do homem no pecado é vista em sua resposta à bondade de Deus conforme foi apresentada em toda extensão deste verso: “Não andaremos!”. Foi esta a resposta do povo de Israel à mensagem pregada pelos profetas naqueles dias. Eles foram taxativos: “Não Andaremos”. É esta a resposta que o homem no pecado dá a mensagem do evangelho da glória de Cristo. Não querem, não podem e nem mesmo tem prazer em andar pelo verdadeiro caminho.
         Quando Cristo chama os pecadores ao arrependimento, os contritos e quebrantados vêm a Cristo para realmente segui-Lo. Eis onde está a força libertadora do evangelho que arranca o pecador dos grilhões do pecado e da morte para servir a Cristo.

O DEUS QUE OPERA POR MILAGRE




 “...O Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem” Romanos 4:11.

                Eis aí o Deus que era o Deus de Abraão! Eis aí o Deus amado, temido e reverenciado por todos os santos em todos os tempos! Ele é o Deus que opera por milagres. Por quê? Porque Ele é o Único que opera maravilhas. Aqueles que crêem que Deus precisa do livre-arbítrio do homem para salvá-lo de seus pecados, nada sabem acerca do que significa o poder atroz do pecado no homem, e que é preciso a força miraculosa de Jeová para chamá-lo da morte para a vida (João 5:24).
                O Deus que vivifica os mortos”. Verdade que está de pleno acordo com o ensino do tão trágico resultado do pecado na raça. O pecado operou a morte no homem, de sorte que ele está morto em relação a Deus. Morte é morte e nada se pode fazer por um morto. Ele precisa de vida. Podemos embalsamá-lo para conservação, mas ele continua morto. Podemos colocar-lhe bela roupa, mas não vai passar de um morto bem vestido. Podemos fazer com que um morto venha parecer vivo, mas está morto. O homem no pecado está assim em relação a Deus, totalmente inerte, frio, insensível e imobilizado pelo poder da mais tremenda morte – a morte espiritual. Ele não pode vir para Cristo, nem pode amá-Lo, nem pode agradá-Lo numa vida de santidade. O homem no pecado está nessa triste condição e opera nele o “espírito que agora atua nos filhos da desobediência”.
                “...E chama à existência as coisas que não existem”. Que verdade profunda e gloriosa! O moderno evangelho tão adornado da cultura e de pragmatismo não aceita nem pode esperar que Deus faça o que é afirmado nessa frase. Está infinitamente acima da compreensão natural e é loucura para este mundo moderno que confia em seus ídolos
                Fomos chamados para pregar o Poderoso Evangelho porque é o Poder de Deus em chamar à existência as coisas que não existem. Impressionante! Mas o poder está não numa decisão do homem, mas sim na capacidade que tem a mensagem da verdade em chamar os pecadores. Eles continuarão na rebelião, na iniqüidade, na resistência, na impiedade, na perversidade, etc., mas temos conosco a suficiência desse evangelho.
                Não precisamos ficar nem um pouco impressionados com a capacidade do homem moderno em suas pesquisas e descobertas. A nossa fé é a mesma de Abraão. Voltemos para aprender com Abraão, “o amigo de Deus”, e conheçamos o Seu Deus.

O DEUS QUE CHAMA




“... perante aquele no qual creu o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem” Romanos 4:17.
        O Deus da bíblia é o Deus que chama as coisas à existência. Ele operou assim na primeira criação e também o faz na segunda criação. Os santos de Deus precisam compreender a preciosidade desse ensino para suas vidas. Tudo o que existe veio a existir porque Deus chamou. Os bilhões e bilhões de planetas e estrelas nesse tão vastíssimo universo devem a sua existência ao Deus que ordenou e tudo se fez: “Pois Ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Salmo 33:9). O nosso planeta terra mostra o resplendor da majestade do Grande Criador que imprimiu em cada coisa criada “... seu eterno poder, como também a sua própria divindade...” (Romanos 1:20).
Por que Ele chamou todas essas maravilhas à existência? A resposta Ele mesmo concede aos que O temem: “Tudo quanto aprouve ao Senhor, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos” (Salmo 135:6). E precisamos estar plenamente certos que essa gigantesca e perfeita obra desse Grande Arquiteto “... declaram a glória de Deus... e anunciam as obras de suas mãos” (Salmo 19:1). Se os poderosos e eruditos deste mundo não caem prostrados para glorificar o Grande e Perfeito criador, Sua criação está fazendo isso em toda extensão desse universo.
        Outra verdade gloriosa aparece estampada no texto, é que Ele “... chama à existência as coisas que não existem”. Nada viria a existência sem o chamado do Todo-Poderoso, “... sem Ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:3). Antes do princípio, não houve outro princípio; antes do primeiro, não houve outro primeiro; antes do alfa, não houve outro alfa.
        Da mesma maneira o Senhor está realizando a Sua obra na nova criação. Ele opera pelo chamar. Notemos a linguagem clara daquilo que Deus está operando de forma salvadora neste mundo: “... isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (Atos 2:39); “Para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho...” (2Tessalonicenses 2:14); “Ora, o Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou...” (1Pedro 5:10). O trabalho Dele não mudou, porquanto é Ele quem opera a fim de que Seu Nome seja glorificado ao realizar o impossível. Sua obra agora é realizada no meio dos homens. Na primeira criação a raça humana veio a existir por meio de Adão, mas agora Ele chama à existência novas criaturas em Cristo, o segundo Adão (2 Coríntios 5:17).
        A outra preciosíssima verdade que aparece, é que Ele chama à existência aquilo que não existe. Que paupérrima existência do pobre pecador neste mundo! O pecado levou a raça humana a essa condição tão vil e desprezível, levou a uma existência oca e sem qualquer valor. Que trágico destino espera aqueles que aqui vivem apenas para servir ao pecado. Mas o evangelho chama os pecadores à existência eterna. “Quem crê no Filho tem a vida eterna”. Não é mais a vida em Adão, mas sim a vida que há no Filho de Deus. Deus está operando algo inaudito, que encanta os céus e que paralisa o reino do diabo. Pelo Evangelho ele está chamando pecadores da morte para a vida (João 5:24).

DEPRAVAÇÃO TOTAL




         Dos cinco pontos das doutrinas da Graça, este é o primeiro e o mais importante, porque uma má compreensão dessa doutrina acarretará em sério prejuízo no entendimento prático dos quatro pontos seguintes.
         A Palavra de Deus ocupa quase toda sua extensão mostrando por meio de ensinos práticos e doutrinários o que significa o homem caído em Adão. Por exemplo, todo período da lei, equivalente a noventa por cento do Velho Testamento, não passa de ser uma exposição do que foi a queda no pecado. Vejamos como as Escrituras abrem a porta para revelar a triste e deprimente situação do homem no pecado. Satanás labuta para impedir que essas verdades cheguem à compreensão humana, porque assim ele sabe que assim a mensagem do evangelho fracassará.
         O rei Davi depois que adulterou com Bate-Seba pode perceber sua horrenda situação como pecador, por isso confessou: “Eu nasci na iniquidade e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51:5). Versos como este enchem as páginas das Escrituras, trazendo a lume o estado de miséria na qual se encontra o pobre pecador, como inimigo de Deus (Romanos 5:10), alienado da vida de Deus, odiador de Deus (Romanos 1:30), escravo do pecado (João 8:34), filho do diabo (João 8:44), sem Deus no mundo (Efésios 2:12), filho da desobediência (Efésios 2:2), condenado à Ira divina (Efésios 2:3), sem a vida que há somente no Filho de Deus (Efésios 2:1), etc.
         É fato que uma profunda compreensão do estado natural do homem conforme as Escrituras descrevem ocasionará temor, humilhação, conversão genuína, adoração verdadeira e piedade em toda maneira de viver. Mas, como é salutar essa compreensão! Nosso Senhor Jesus foi preciso em suas abordagens a respeito da tão deprimente condição do pecador. Ao tratar desse assunto nosso Senhor abordou sempre os religiosos e fanáticos judeus. Observemos bem o cap. 3 do evangelho de João. Nosso Senhor foi direto ao coração do religioso Nicodemos, mostrando quão inútil era toda sua religião! Quão fracassado era ele com toda sua pompa religiosa e toda sua badalada posição de príncipe dos fariseus. Por quê? A resposta do Senhor foi clara e inequívoca: “... Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7). Nosso Senhor lança fora toda religiosidade e todo esforço humano, mostrando que o homem, por mais religioso que seja, por mais bondoso que pareça, precisa nascer de novo. Nada tem de valor perante Deus. Notemos o quanto o assunto é tão claro em João 1:13. Viemos da carne, da vontade humana, da glória humana, sendo assim não serve para Deus.
         Eis aí apenas uma introdução a respeito da condição do homem no pecado. Se tivéssemos que tratar apenas da necessidade de novo nascimento, para que o homem possa entrar no reino de Deus, já seria suficiente para entender em que triste estado se encontra o pecador. Davi se deu conta de sua situação quando abriu a sua boca e denunciou a si mesmo: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”.